O amor e a fidelidade são as duas características mais importantes da união que já dura 73 anos de dona Maria Josino, 91, e seu Ezequiel Avelino, 95. Não bastasse isso, o casal tem a felicidade de nunca ter morrido ninguém na família. Desde que se casaram, em 1934, só ocorrem nascimentos, nada de mortes. São 11 filhos, 48 netos, 64 bisnetos e dois tataranetos, além das noras e genros. Ainda não conseguiram reunir tanta gente na antiga casa da localidade de Bonfim, onde os dois moram com duas filhas, no município de Limoeiro do Norte, no Vale do Jaguaribe, mas estão sempre em contato com os que moram mais distantes - dois filhos moram em Brasília e um em Minas Gerais.

"Nunca ouvi falar de morte na nossa família. Todos estão vivos e até conseguimos reunir o máximo de pessoas - não todos já que são mais de 100 parentes - na festa de 65 anos de casamento (Bodas de Platina) de papai e mamãe", recorda Judite Josino luz, uma das filhas que moram com o casal. A outra é Maristela Josino Luz, a única filha solteira. As duas cuidam de Maria e Ezequiel que vivem sempre juntinhos, conversando, namorando. "Pensa que papai fica um instante longe de mamãe? Fica não. Quando ela sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e teve de ser hospitalizada, ele chorava como uma criança. Dizia assim: Meu Deus, cadê a Maria que não volta mais?", diz Judite, uma das filhas mais novas.

Quem chega no comecinho da tarde na casa, ainda em estilo original, construída em 1923 pelo pai de Ezequiel, encontra o casal tirando uma soneca e, quando acordam, as filhas ajudam a se vestir e os colocam nas cadeiras, um juntinho ao outro. Ai começam a conversar, brincar, sorrir. Ezequiel já não escuta muito bem, mas não deixa de fazer brincadeiras com Maria: "Foi tu que me aperreou pra casar contigo, por isso que eu casei", diz e ela sorri. Os dois já não andam. Ela, pelas seqüelas do AVC, e ele porque levou uma queda e quebrou o fêmur.

Mas, fora a falta de locomoção, Judite e Maristela garantem que os dois não têm outros problemas. "Comem normalmente, dormem bem e vivem desse jeito, um grudado no outro". Seu Ezequiel só fica bravo quando mexem em algo da casa. Não aprovou o novo quarto que a filha construiu do lado direito e nem cogita qualquer mudança na estrutura. Também não aceita o corte do carnaubal, no terreno da frente. Quer tudo do mesmo jeitinho que encontrou quando foi morar em Bonfim com a sua Maria.

Para que todos fiquem conhecendo "a família em que ninguém morre, só nasce", Judite fez a árvore genealógica e pregou o enorme cartaz na sala de entrada da casa. Com flores, marcou o nome dos filhos, com folhinhas, os genros, noras e netos e com frutas, os bisnetos e tataranetos. No alto da árvore, o casal: Maria Josino Luz e Ezequiel Avelino Luz que casaram no dia 21 de outubro de 1934 na igrejinha de Nossa Senhora da Saúde no distrito de Olho D´Água da Bica, em Limoeiro do Norte. "Quem sabe nas Bodas de Brilhante (75 anos de casados), a gente possa reunir toda a família", planejam as filhas.
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