Festival Jazz & Blues : Inéditas de Hamilton
04 févr. 2008
Após o intervalo, o palco é de Hamilton de Holanda, com sua banda formada por grandes
instrumentistas, que ganham espaço para brilhar, em constantes diálogos entre o bandolim e a gaita de Gabriel Grossi, o baixo de André Vasconcelos, o violão de Daniel Santiago e a bateria de
Márcio Baía. ´É um prazer estar aqui, já tinha ouvido falar muito desse festival. Mas melhor que tocar aqui é essa natureza linda. Esse lugar realmente me inspira muito´, disse Hamilton, que fez
um show calcado em composições próprias inéditas, a constarem do disco ´Brasilianos 2´, que pretende lançar em breve.
Entre as novas canções, ´O mundo não acabou´, cuja inspiração, contou o bandolinista, veio da imagem de uma tsunami sobre o Rio de Janeiro.
Carregada de momentos de tensão nas notas em alta velocidade, o tema cresce com a impressionante bateria de Márcio Baía e, com uma sonoridade bastante cheia, abre espaço para a improvisação.
´Quase que o mundo acaba!´, gritou, da platéia, o cantor e compositor cearense Isaac Cândido.
Em contraste, outros temas apostam na suavidade, como ´Virtude da esperança´, curto, como uma vinheta, escrita por Hamilton em homenagem ao
filho nascido no ano passado e ouvida pelo bandolinista ajoelhado no palco, após citar Ariano Suassuna como referência. Um saudável virtuosismo e uma constante interação entre os músicos
continuaram dando o tom do show, em temas como ´Paz, Paes´ (homenagem a um falecido amigo), ´Tamanduá´ e ´Estrela negra´. Com tantos temas inéditos, não foi um show fácil para o público como um
todo; a partir de certa hora, houve quem deixasse o teatro, repetindo uma constatação de edições anteriores em Guaramiranga, enquanto a maioria que ficou seguiu aplaudindo com entusiasmo. E
ganhou uma releitura, do ´Canto de Ossanha´ de Baden e Vinicius, com Hamilton sozinho no palco. Se alguém ainda duvidava da pertinência do show de um bandolinista em um festival de jazz,
certamente reviu sua opinião a partir dos improvisos dos músicos e de sua visível entrega no palco. Melhor para a
plural música brasileira.
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