A lavra em prospecção pela empresa Samco tem capacidade de exploração por 50 anos, na Fazenda Água Boa, em Tejuçuoca

Empresas já estão prospectando a existência minérios no Interior do Ceará, conforme antecipado pelo Diário do Nordeste (Caderno Negócios, edição de 28/02/2008). Uma delas é Samco, capitaneada pelo empresário espanhol Rui Coias, que possui alvará do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para estudo de prospecção de minério de ferro no município de Tejuçuoca, distante 143 km de Fortaleza, no Norte do Estado.

Segundo Rui Coias, os estudos estão em fase bem avançada e abrangem uma área de 3.200 hectares. Foram investidos mais de R$ 2 milhões e os cálculos iniciais indicam um potencial de produção entre 70 e 80 milhões de toneladas por ano. ´Mais tarde, podemos ver a possibilidade de explorara manganês também´, falou ele com exclusividade ao Diário, por telefone.

Coias é armador e presta serviços para a Companhia Vale do Rio Doce — a maior empresa de mineração do País.

Ele tem ligações familiares com o Ceará e um sócio local, Renault Moreira. Sua empresa também está investindo em estudos para exploração de minério de ferro na Paraíba.

´Os dois projetos serão tocados simultaneamente´, disse o investidor. O contato do investidor estrangeiro com o Governo do Estado está sendo intermediado pelo deputado estadual Manoel de Castro, filiado ao PMDB.

Área de lavra

Segundo o parlamentar, a lavra tem capacidade de exploração por 50 anos, na Fazenda Água Boa, em Tejuçuoca. ´Ele quer saber do governo cearense qual o prazo para implantação da siderúrgica no Pecém, se há algum incentivo fiscal previsto para essa atividade e se o porto possui local para armazenagem da matéria-prima, por exemplo´.

Linha férrea

A intenção do investidor é recuperar 50 km de uma linha férrea desativada para possibilitar o escoamento da produção. Concretizados os estudos, em 60 dias ele encaminha o processo de exploração da lavra. ´Mas, antes disso, quer cercar-se de garantias de retorno dos investimentos em infra-estrutura para possibilitar a exploração´, disse o parlamentar.

SONDAGENS

Matéria-prima para a siderúrgica no Estado

 

O Ceará pode ter minério de ferro explorado por empresas nacionais e/ou estrangeiras num futuro bem próximo. Há oportunidades (ocorrência de jazidas) no Interior do Estado, especificamente na Região dos Inhamuns, segundo confirmou ontem o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, em debate realizado na Assembléia Legislativa. ´Estamos aguardando algumas sondagens, de uma equipe grande que está em campo, trabalhando no mapeamento deste potencial no Interior´, disse.

Segundo Balhmann, a existência de matéria-prima para a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) dentro do próprio Estado mudará o projeto do empreendimento ´para melhor e para maior´. ´Com a retomada do modal ferroviário nas proximidades dessas ocorrências mais expressivas, o Ceará pode se transformar em produtor em cadeia de produtos siderúrgicos´, disse o presidente da Adece, referindo-se à esperada integração da ferrovia Transnordestina com o Pecém.

´Estamos trabalhando caladinhos porque esse projeto mexe com grandes interesses nacionais. Estamos fazendo tudo para viabilizar essa cadeia produtiva (da siderurgia)´, frisou Balhmann para os deputados estaduais presentes ao debate. De acordo com ele, nenhum outro estado do País foi tão visitado quanto o Ceará, nos últimos três anos, pelas grandes empresas de siderurgia mundiais, interessadas em investir aqui. Com a meta de trabalhar toda a cadeia da siderurgia, o Estado vai incentivar a vinda de investidores interessados em produzir ferro gusa às margens da ferrovia Nova Transnordestina. Trata-se do ferro que se obtém diretamente do alto-forno, em geral com elevado teor de carbono e várias impurezas. Depois de processado, transforma-se em aço.

USINA A CARVÃO

Governo rebate críticas ao projeto

A CSP, para o contexto estratégico brasileiro, é essencial, defendeu Balhmann sobre o projeto a carvão

Cerca de 99% das grandes plantas siderúrgicas do planeta são feitas com redutor a carvão mineral. Foi o que afirmou o presidente da Adece, Antônio Balhmann, rebatendo críticas dos deputados estaduais Lula Morais (PC do B) e Augustinho Moreira (PV) sobre os possíveis impactos ambientais do novo projeto da Usina Siderúrgica do Pecém (USP), prevista para entrar operar em 2011. ´Foi bom, apesar de na época a gente ter achado uma ameaça, o empreendimento não ter uma planta a gás (natural)´, disse. Balhmann lembrou que a mudança no projeto original possibilitou a ampliação da capacidade da planta local, que deve chegar a uma produção de 6,5 mil toneladas de chapas de aço plano por ano. ´A CSP, para o contexto estratégico brasileiro, é essencial. O cenário internacional, inclusive, é favorável ao empreendimento para os próprios parceiros´, comentou, referindo-se à brasileira Vale, à coreana Dong Kuk Steel e à japonesa JFE Steel. Com o porte ampliado, a CSP vai permitir agregar valor à placa de aço produzida. Além de ser uma das maiores usinas do País, o empreendimento deverá incorporar, numa segunda fase, a segunda maior fábrica de aço plano de chapa grossa do Brasil. ´Assim, vamos trabalhar a cadeia produtiva do aço´, completou Balhmann, acrescentando que a siderurgia nacional tende a vir para o Norte e Nordeste, em função da proximidade com a jazida de Carajás (PA), deixando o eixo do Sudeste (MG/RJ/SP). Com capacidade plena (operação 24 horas) totalmente vendida para os sócios do projeto, a CSP vai possibilitar um incremento de pelo menos cinco vezes no volume de movimentação no Pecém. ´Por isso, o Estado já está investindo em novas correias transportadoras´, disse. Sobre a crítica de grande utilização de água no empreendimento, orçado em US$ 5 bilhões, o presidente da Adece afirmou que 95% da água no processo de produção de aço é reutilizada.

´Só se repõe 5% que são perdidos por evaporação ou em resfriamento de partículas´, salientou.

NA ZPE

Quartzo tem potencial para fabricação de painéis solares

Com matéria-prima abundante para a fabricação das pastilhas dos painéis fotovoltáicos — o quartzo —, o Ceará deve abrigar na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém uma fábrica de produção de painéis para energia solar. O presidente da Adece garantiu que a ZPE vai reunir representantes de todas as atividades produtivas com vocação para o comércio exterior já desenvolvias no Estado, além das que estão sendo prospectadas. ´O governo Cid vai ser especializado em realizar todos os sonhos dos cearenses´, brincou Antônio Balhmann, durante debate realizado na Assembléia Legislativa. O presidente da Adece referia-se à possível concretização da siderúrgica, da ZPE e da exploração da jazida de urânio e fosfato em Itataia — projetos acalentados há pelo menos quatro décadas. Frisou que há espaço na ZPE para empresas do agronegócio — especialmente da fruticultura —, eletromecânica e mecânica pesada e siderurgia.

Samira de Castro - Repórter
Publicado o dia 15 de maio de 2008 no Diario do Nordeste

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