Governo do Estado reconhece que as dificuldades das empresas vão desde a abertura até a sobrevivência

O comércio internacional é uma possibilidade para fortalecer as micro e pequenas empresas (MPEs) do Ceará. Esta projeção visa incrementar um setor fundamental para a economia do Estado, responsável por 55% dos empregos formais, 26% da massa salarial, 20% do PIB (Produto Interno Bruto) e que caracteriza 99% das empresas do Estado.

Os dados foram citados na abertura da 12ª edição do Encontro Internacional de Negócios do Nordeste, uma iniciativa do Sebrae-CE, pelo vice-governador do Estado, Francisco Pinheiro, ontem.

Ele disse ainda que 2 milhões de cearenses trabalham em micro e pequenas empresas. Ciente do tamanho deste mercado, o vice-governador ressaltou que a gestão estadual reconhece as dificuldades desde setor, que vão desde a abertura das micro e pequenas empresas até a sobrevivência delas. ´O governo está empenhado em alterar este cenário de dificuldades´, garantiu Pinheiro. Para ele, uma saída é possibilitar negócios com mercado externo.

O encontro vai reunir cerca de 60 empresários de 13 países diferentes para fechar negócios com micro e pequenas empresas de todo o Nordeste. O objetivo é abrir novos canais de comercialização para os produtos das micro e pequenas empresas nordestinas. A expectativa é de que durante o evento sejam gerados negócios da ordem de US$ 30 milhões no curto e médio prazo.

O evento prossegue até amanhã e reúne 170 micro e pequenas empresas de 12 estados brasileiros. Para fazer negócios com essas empresas, estarão presentes empresários do Peru, Colômbia, Chile, Uruguai, Paraguai, Portugal, Espanha, Suíça, França, EUA, Cabo Verde, Senegal e África do Sul.

Mais de 50% dos produtos a serem negociados são dos setores de confecção, especialmente moda íntima e moda praia, alimentos e bebidas, construção civil, artesanato, floricultura e fruticultura.

Segundo o superintendente do Sebrae-CE, Carlos Cruz, o encontro vai estimular também a integração de negócios entre as pequenas empresas da região e o despertar dos empresários de pequeno porte para a exportação, além de novos mercados para o artesanato nordestino e o incremento do turismo de negócios. A idéia é que esse foco na exportação extrapole o Encontro. De acordo com o superintendente, o Sebrae no Ceará terá na promoção da inserção das empresas cearenses no mercado internacional uma das principais metas para 2008.

CEARÁ E ÁFRICA

Melhoria logística é chave para negócios

Países da África se queixam da insuficiência de meios de transporte, ligando-os ao Nordeste do Brasil

A ampliação das relações comerciais entre o Ceará e o continente africano depende principalmente da melhoria da infra-estrutura logística do Estado. Altamente dependentes da importação dos mais variados produtos para suprir o consumo interno, os países da África se queixam da insuficiência de meios de transporte ligando os dois mercados.

Para Manuel Monteiro, presidente da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços de Barlavento, em Cabo Verde, há necessidade de incremento especialmente no modal marítimo para intensificar as relações com Cabo Verde. ´Apesar de termos vôo diário ligando nossos mercados, existem produtos como ferro, cimento e cereais, que só podem ser transportados de navio, mas o volume que precisamos é muito grande diante das opções de transporte por mar. Hoje só há um barco ligando os nossos portos´, observa.

De acordo com o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, o governo do Estado já está prospectando acordos com grandes armadores para ampliar as opções de transporte marítimo nas exportações cearenses. ´Há uma perspectiva envolvendo grandes armadores do mundo. Existe negociação por parte do governo, mas atualmente ainda não temos volume suficiente para atrair novas linhas. Os armadores só virão com a pressão dos investidores. Na proporção que se ampliam os mercados, nossa logística também tende a melhorar´, garante.

Para o conselheiro da Embaixada do Brasil no Senegal, César de Paiva Leite Filho, além da logística, os senegaleses enfrentam também a falta de conhecimento do potencial de troca que existe entre os dois mercados. ´Uma economia composta de pequenas e médias indútrias e que possui preços atrativos como o Ceará e outros estados do Nordeste tem uma relação custo e benefício excelente para o Senegal, mas a relação praticamente inexiste. O país importa quase tudo, de alimentos a têxteis e de automóveis a produtos químicos. Tudo o que o Nordeste e o Brasil produzem, nós precisamos, mas a inércia toma conta do empresariado´, lamenta.

Segundo o conselheiro, outro entrave é a falta articulação entre os estados e o governo federal para promover a aproximação dos países, inclusive por meio do incremento logístico. ´É preciso criar linhas que liguem o Brasil a outros mercados africanos´, diz.

06/03/08

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