A revitalização do Passeio Público tem uma impressão especial para quatro alunos do Colégio Militar de Fortaleza (CMF). Em 2005, eles ganharam prêmio em uma categoria do concurso Tesouros do Brasil, com isso atraíram visibilidade da Prefeitura de Fortaleza e agora esperam ver o resultado do trabalho na próxima quinta-feira, quando, às 17 horas, o espaço será reaberto ao público depois de projeto de reocupação que contou com colaboração dos estudantes.

É que os estudantes fazem parte do projeto Gestos da Cidade através de sugestões de melhorias para o espaço e criação de uma cartilha para o cearense conhecer melhor esse pedaço de Fortaleza esquecido ou subutilizado por grande parte da população.

As idéias dos alunos nasceram nas aulas do professor de história tenente Janote Pires, no então Projeto Vida e Cultura naPraça. Durante meses, os meninos, na época ainda na 5º série, pesquisaram, entrevistaram historiadores, memorialistas e elaboraram uma série de sugestões para melhorar o uso do espaço. Concorrendo com 25.397 estudantes do Brasil, os alunos do Colégio Militar (na época eram cinco) ganharam a etapa individual do ‘Tesouros’, concurso dos Ministérios da Cultura e da Educação em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

De acordo com a mãe de um dos participantes e uma das coordenadoras do projeto, Antonia Alencar, os alunos pensram em soluções que envolvem segurança, restauro e reocupação da praça. “O trabalho foi tão bem feito que a Prefeitura o incorporou ao Gestos da Cidade”, diz, referindo-se à iniciativa da Fundação da Cultura, do Esporte e Turismo (Funcet).

Tenente Pires lembra que, em todas as etapas do projeto, os alunos contaram com apoio do Clube de Filosofia, Geografia e História (CFGH) do Colégio Militar. “O projeto foi crescendo, os pais se envolveram, os alunos pesquisaram com base em uma bibliografia, escreveram textos e agora verão o resultado”, comemora o professor.

O textos a que o tenente se refere estão na cartilha Passeio Público: História e Experiências, publicada pela Funcet. O primeiro, do estudante David de Alencar, de 14 anos, é um texto mais literário, que conta o passado da praça, faz um paralelo com o presente e convida o leitor a participar da revitalização.

Já o texto de Lucas Aquino, 13 anos, faz referências à “belle époque”, período relativo aos primeiros anos do século XX. O que Ramona Medeiros, de 14 anos, escreveu refere-se ao meio ambiente da praça, incluindo o baobá plantado em 1910. Por último, o texto de Caio Cipriano Mesquita, 13 anos, revela curiosidade do Passeio Público, o que instiga o leitor a conhecer melhor o local e se surpreender com sua história.

Isso porque foi ali, no antigo Campo da Pólvora (ou Praça do Hospital da Caridade ou dos Mártires), que aconteceu a primeira partida oficial de futebol em Fortaleza, onde vários escravos foram enforcados e confederados da Confederação do Equador foram fuzilados.

Na quinta-feira, os alunos esperam ver adaptadas algumas de suas sugestões, como a criação de um café, a melhoria da iluminação e da segurança, a fonte funcionando, as estátuas protegidas e restauradas e uma série de atividades culturais sendo desenvolvidas no local.

“Queremos que a praça volte a ser bem freqüentada, que atraia os jovens, que volte a ser um corredor cultural”, explica Ramona Medeiros. “A gente quer ver a cidade e o Passeio Público com outro olhar”, completa David. Para Lucas, a idéia é que o espaço ganhe, de fato, seu espaço na história da cidade, não apenas nos livros que tratam do passado. “É importante instigar o interesse com a cartilha e com atividades diárias”, propõe Caio.

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